Quando estamos diante de um
problema, sabemos que de nada adianta negá-lo ou simplesmente aguardar que ele
desapareça por si mesmo. Tampouco nos ajuda encontrar um bode expiatório e
ficar reclamando dele.
Já sabemos disso tudo. Mas,
muitas vezes gastamos mais tempo e energia tentando fugir do problema do que,
de fato, gastaríamos se resolvêssemos enfrentá-lo. É como estar correndo de um
problema que nos persegue e, de repente, virarmo-nos para contra-atacá-lo.
Quando conseguimos dar esta
virada, mudamos o curso de nossas vidas. Como diz o velho ditado: "Tem o
dia da caça e o dia do caçador". Conseguir encarar o problema de frente é
tornar-se um caçador. No entanto, estar consciente do problema é muitas vezes
um passo ainda a ser dado.
Os problemas são complexos, assim
como nós mesmos. Mas se não soubermos simplificá-los estaremos sempre atolados
neles.
Creio que seja natural ter uma
visão parcial dos problemas e de nós mesmos. Estamos em contínua percepção dos
fatos. Em alguns momentos, temos mais clareza, mas, em outros, nossa avaliação,
além de limitada, é errônea.
Aquele que pratica constantemente
o autoconhecimento sabe avaliar tanto suas falhas quanto seus dons e, por isso,
demora menos tempo para localizar a raiz de seus problemas. Mas mesmo assim é
pego pela ignorância! Talvez não de surpresa...
Quem conhece seus limites de
percepção sabe reconhecer, pelo menos até certo ponto, sua tendência a negar a
existência de um problema ou até mesmo a interpretá-lo de maneira exagerada.
Algumas vezes nossos limites são
físicos, biológicos. Perdemos o eixo emocional ou mental simplesmente porque
estamos com sono ou com fome. Não podemos confundir o cansaço com nossa
capacidade de resolver problemas! Assim como toda mulher que sofre de TPM deve
aprender a reconhecer a diferença entre um desequilíbrio emocional causado por
uma influência hormonal e aquele próprio de sua baixa auto-estima.
Uma pessoa com a auto-estima
baixa irá sentir-se bem ou mal conforme é avaliada pelos outros. Enquanto
aquela que tem uma boa auto-estima sabe se auto-avaliar. Quer dizer, quando ela
está diante uma limitação física não interpreta sua fragilidade como uma falha,
mas apenas como um desequilíbrio passageiro. Ou seja, confia em seu potencial,
mesmo quando não pode acessá-lo!
Para tanto temos que nos treinar.
Quando estamos conscientes de que estamos mais vulneráveis podemos nos conduzir
com mais cuidado e atenção. Nestas horas costumo me dizer: "Não me dou
alta para agir neste momento. Preciso de mais recursos. Não é hora de ser
espontânea..."
Afinal, como sempre nos fala Lama
Michel: "Problemas existem e sempre existirão". A questão é como
mobilizar ajuda e novos recursos para enfrentá-los.
Bel Cesar é terapeuta e dedica-se
ao atendimento de pacientes que enfrentam o processo da morte.
Autora dos livros Viagem Interior
ao Tibete, Morrer não se improvisa, O livro das Emoções e Mania de sofrer pela
editora Gaia.
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Email: belcesar@ajato.com.br
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