Muitos críticos salientam que o emprego do termo “descobrimento” é baseado em uma visão eurocêntrica, uma vez que já existiam muitos povos indígenas habitando o Brasil.
A chegada dos portugueses ao litoral brasileiro põe-se como uma das grandes polêmicas a serem investigadas pelos historiadores interessados na expansão marítimo-comercial e no desenvolvimento do Brasil Colônia. A esse respeito, vários indícios já comprovam que o anúncio oficial do descobrimento (ou chegada) – em 22 de abril de 1500 – não passa de uma formalidade bem distante de outras navegações portuguesas que eram mantidas sob rigoroso sigilo.
Segundo alguns estudos recentes, a chegada ao Brasil poderia ter até mesmo ocorrido sob a liderança e os olhares de outros navegantes. De acordo com um texto dos fins do século XVIII, um navegador francês, chamado Jean Cousin, poderia ter alcançado as terras brasileiras em 1492. Outra tese ainda trabalha com a possibilidade dos navegadores espanhóis Vicente Pinzón e Diogo de Lepe terem chegado às imediações do Ceará e do Amapá um ano antes da esquadra de Pedro Álvares Cabral.
Com relação à Portugal, esse mistério sobre a data do descobrimento manifesta-se inicialmente sobre um estranho silêncio que se decorre entre 1488 e 1497. Na primeira data, os portugueses registraram a famosa viagem do navegador Bartolomeu Dias até o Cabo da Boa Esperança. Já na última, temos o registro da viagem de Vasco da Gama até às Índias. O curioso é que no intervalo dessas duas viagens, a Coroa Portuguesa não tem um só registro sobre outras navegações no Atlântico Sul.
Partindo da ideia de que se vivenciava a época das grandes navegações, seria no mínimo estranho que os portugueses não organizassem outras viagens pelo mar em busca de outras terras ou de valiosas rotas comerciais. Além disso, devemos contabilizar que a Corte Portuguesa vivia cercada por espiões de outros países, geralmente interessados na exploração de um novo caminho pelo mar ou de informações que poderiam lhe garantir novas oportunidades de negócio.
No que tange às navegações daquela época, devemos também levar em conta que os portugueses tinham grandes dificuldades para superar os ventos e correntes que dificultavam o ultrapasse do Cabo da Boa Esperança. Mediante esse empecilho, seria plausível que os portugueses tentassem buscar um ponto mais afastado da Costa Africana para ir em direção à Índia. Provavelmente, na criação dessa rota alternativa, algum navegador teria, ao menos, avistado o litoral brasileiro.
Do ponto de vista político, os portugueses poderiam também guardar segredo sobre o Brasil, já que nenhum acordo político determinava a exploração das terras descobertas. Por tal razão, até que o Tratado de Tordesilhas fosse assinado em 1494, Portugal teria deixado um desconhecido representante em terras brasileiras chamado de “Bacharel da Cananeia”. Essa teoria, defendida pelo historiador José Carlos Borges, reforça ainda mais uma chegada ao Brasil anterior a 1500.
Indícios apontam que Portugal conhecia as terras brasileiras antes mesmo do Tratado de Tordesilhas.
Sem dúvida, o maior indício desta farsa repousa no fato da Coroa Portuguesa ter renegociado os limites de exploração com a Espanha, através da assinatura do Tratado de Tordesilhas. Isso nos indica que os portugueses teriam recolhido novas informações sobre a correta distância do litoral brasileiro e, portanto, deveriam renegociar as zonas de exploração para que o Brasil estivesse assegurado em seus domínios.
Por fim, ainda temos que contabilizar um relato do navegador Duarte Pacheco, que, em 1488, teria sido enviado ao Atlântico Sul para “descobrir a parte ocidental”. Com esse último indício, podemos ter a clara certeza que a chegada e o anúncio das terras brasileiras fizeram parte de um plano minucioso que, por fim, nos revela os estratagemas e disputas que marcaram o tempo das grandes navegações.
Referências bibliográficas:
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