sábado, 9 de março de 2013

Livro e Game





Clássicos no contemporâneo

O primeiro aspecto a tratar é sobre a importância da cultura para a educação.
Definir cultura não é simples, existem diversas abordagens: antropológica, sociológica, entre outras.

Vou destacar uma definição do professor Alfredo Bosi que como professor de línguas e literatura, considera plausível a definição etimológica.

Cultura é palavra latina, e o primeiro significado na língua romana mais antiga remonta ao verbo cola que quer dizer “eu cultivo o solo”.

“Inicialmente, a palavra cultura, por ser um derivado de colo, significava, rigorosamente, “aquilo que deve ser cultivado”. Era um modo verbal que tinha sempre alguma relação com o futuro; tanto que a própria palavra tem essa terminação ura, que é uma desinência de futuro, daquilo que vai acontecer da aventura. As palavras terminadas em uro e ura são formas verbais que indicam projeto, indicam algo que vai acontecer. Então cultura seria, basicamente, o campo que ia ser arado, na perspectiva de quem vai trabalhar a terra.

Esse significado material da palavra, relacionado com a sociedade agrária, durou séculos; até que os romanos conquistaram a Grécia e foram em parte helenizados. Nós sabemos a extrema importância da cultura grega, da arte e da filosofia grega para o desenvolvimento da cultura romana. E os gregos tinham já uma palavra para o desenvolvimento humano, que era Paideia.

“Paideia significava o conjunto de conhecimentos que se devia transmitir às crianças, paidós (criança é paidós) daí Pedagogia, que é a maneira de levar a criança ao conhecimento.”
Trecho da entrevista de Alfredo Bosi à Revista de Cultura e Extensão.

Nessa perspectiva, a literatura que é uma das componentes da cultura, enquanto expressão artística e manifestação da criação humana, dá forte contribuição para a educação.

 As crianças desde a pré-escola tem contato com livros, chamados paradidáticos, e no percurso escolar, é no ensino médio que a literatura ganha status de disciplina. É considerada no currículo e clássicos da literatura passam a ser conteúdo escolar.

Tal como em outras “disciplinas”, estudar os conteúdos dessa matéria torna-se uma obrigação. Isso, pode se transformar em um problema na formação de leitores, por que a literatura inserida no currículo pode ficar chata. A grande aventura de embarcar na trama de um livro, soltar a imaginação e se deixar levar, ficam comprometidos.

O aluno leitor tem compromissos com o desempenho nessa disciplina e assim, aquilo que garante o prazer da leitura, fica soterrado por outros objetivos, que o aluno tem de realizar. Esse “leitor” não se envolve com o livro, o foco dele está em outro lugar. Ao mesmo tempo, os clássicos podem contribuir imensamente para aguçar a curiosidade dos leitores alunos.

Os clássicos foram escritos há várias décadas, quando não, centenas de anos. Tratam de diversas situações e costumes, diferentes daqueles que vivemos hoje, mas muitas ideias que veiculam, ainda são pertinentes aos mundo de agora, frequentam as notícias que lemos, vemos e ouvimos, reconfiguradas de acordo com as condições atuais.

Tratam também daquilo que é próprio da condição humana, ligadas às formas de organização social, aos sentimentos e emoções, dadas pela ancestralidade, como a família, o amor e o casamento, por exemplo.

Shakespeare usou como trama em Romeu e Julieta, a situação de um casal de jovens, cujas famílias não aceitam o amor que os unia e aí ele desenvolve essa história, que é um clássico universal.

Se o leitor ficar curioso em relação às questões que os clássicos tratam, isso pode garantir boas pesquisas para o aluno. Por exemplo, lendo as Memórias de um Sargento de Milícias ou mesmo O Cortiço, podem se interessar pelo início do processo de urbanização da cidade do Rio de Janeiro, quando se tornou a sede do reino e tem em Dom João VI o responsável por esse processo.

Além de todos esses ingredientes, de alguns anos para cá, temos novidades. As tecnologias da informação e comunicação provocaram mudanças que atingem diretamente os jovens, que tem nas telas dos novos aparelhos de comunicação, os meios para se relacionar com os outros e com as informações. Leem e escrevem muito nos computadores, tablets e principalmente, nos smartfones.

Entrando nesse espaço e procurando levar a literatura para o que é próprio desse universo dos jovens, adaptamos clássicos da literatura em games (www.livroegame.com.br).

Não são apenas games, são ambientes onde o internauta pode acessar um bocado de informações e curiosidades sobre os livros adaptados, uma versão eletrônica desses livros, além dos games. É um espaço que informa, entretém e diverte, é lúdico, afinal são jogos.

O intuito é que o jovem internauta se interesse pela leitura, descubra o prazer de ler e se divertir com os clássicos e tudo o mais de que falamos acima. Cabe ao educador, aproveitar o “ciberespaço” para “provocar” o gosto pela leitura nos seus alunos, sabendo que o ciberespaço é um território deles, os estrangeiros lá somos nós, adultos.

Trocas, são mais que bem vindas: a inserção no universo das letras para eles, pela inserção na cultura digital para nós. Falamos de culturas, de gerações, de linguagens, de visões de mundo e pontos de vista diferentes. Por isso, ambos devem se dispor ao que for necessário para que a troca aconteça, é o exercício da colaboração.

Boa sorte e que todos vençam.


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