História do Dinheiro
Inicialmente, o homem comercializava através de simples troca ou escambo. A mercadoria era avaliada na quantidade
de tempo ou força de trabalho gasta para produzi-la ou até mesmo pela
necessidade que o "comprador" tinha por determinada mercadoria. Com a
criação da moeda o valor da mercadoria se tornou independente da força de trabalho.
Com o surgimento dos bancos apareceu uma nova atividade financeira em
que o próprio dinheiro é uma mercadoria.
Origem e evolução do dinheiro
Escambo
A moeda, como hoje a conhecemos, é o resultado de
uma longa evolução. No início não havia moeda. Praticava-se o escambo, simples troca de mercadoria por
mercadoria, sem equivalência de valor.
Assim, quem pescasse mais peixe do que o necessário para si e seu grupo
trocava este excesso com o de outra pessoa que, por exemplo, tivesse plantado e
colhido mais milho do que fosse precisar. Esta elementar forma de comércio foi dominante no início da civilização, podendo ser encontrada, ainda hoje,
entre povos de economia primitiva, em regiões onde, pelo difícil acesso, há
escassez de meio circulante, e até em situações especiais, em que as pessoas
envolvidas efetuam permuta de objetos sem a preocupação de sua equivalência de
valor. Este é o caso, por exemplo, da criança que troca com o colega um brinquedo
caro por outro de menor valor, que deseja muito.
As mercadorias utilizadas para escambo geralmente se
apresentam em estado natural, variando conforme as condições de meio ambiente e
as atividades desenvolvidas pelo grupo, correspondendo a necessidades
fundamentais de seus membros. Nesta forma de troca,
no entanto, ocorrem dificuldades, por não haver uma medida comum de valor entre
os elementos a serem permutados.
Moeda-mercadoria
Algumas mercadorias, pela sua utilidade, passaram a ser mais procuradas
do que outras. Aceites por todos, assumiram a função de moeda, circulando como
elemento trocado por outros produtos e servindo para avaliar o seu valor. Eram
as moedas–mercadorias.
O gado, principalmente o bovino, foi dos mais utilizados; apresentava
vantagens de locomoção própria, reprodução e prestação de serviços, embora
ocorresse o risco de doenças e da morte. O sal foi outra moeda–mercadoria; de
difícil obtenção, principalmente no interior dos continentes, era muito
utilizado na conservação de alimentos. Ambas deixaram marca de sua função como
instrumento de troca no nosso vocabulário, pois, até hoje, empregamos palavras como
pecúnia (dinheiro) e pecúlio (dinheiro acumulado) derivadas da palavra latina
pecus (gado). A palavra capital (patrimônio) vem do latim capita (cabeça). Da
mesma forma, a palavra salário (remuneração, normalmente em dinheiro, devida
pelo empregador em face do serviço do empregado) tem como origem a utilização
do sal, em Roma, para o pagamento de serviços prestados.
No Brasil, entre outras, circularam o cauri
– trazido pelo escravo africano –, o pau-brasil, o açúcar, o cacau,
o tabaco e o pano,
trocado no Maranhão, no século XVII, devido à quase
inexistência de numerário, sendo comercializado sob a forma de novelos, meadas
e tecidos.
Com o passar do tempo, as mercadorias se tornaram inconvenientes às transações comerciais,
devido à oscilação de seu valor, pelo fato de não serem fraccionáveis e por
serem facilmente perecíveis, não permitindo o acúmulo de riquezas.
Metal
Quando o homem descobriu o metal, passou a utilizá-lo para
fabricar utensílios e armas anteriormente feitos de pedra ou madeira.
Por apresentar vantagens como a possibilidade de entesouramento,
divisibilidade, raridade, facilidade de transporte e beleza, o metal foi
elegido como principal padrão de valor. Era trocado sob as formas mais diversas.
A princípio, em seu estado natural, depois sob a forma de barras e, ainda, sob
a forma de objetos, como anéis, braceletes etc. O metal comercializado dessa
forma exigia aferição de peso e avaliação de seu grau de pureza a cada troca.
Mais tarde, ganhou forma definida e peso determinado, recebendo marca
indicativa de valor, que também apontava o responsável pela sua emissão. Essa
medida agilizou as transações, dispensando a pesagem e permitindo a imediata
identificação da quantidade de metal oferecida para troca.
Moeda em formato de objeto
Os utensílios de metal passaram a ser mercadorias muito apreciadas. Como
sua produção exigia, além do domínio das técnicas de fundição, o conhecimento
dos locais onde o metal poderia ser encontrado. Essa tarefa, naturalmente, não
estava ao alcance de todos. A valorização, cada vez maior, destes instrumentos
levou à sua utilização como moeda e ao aparecimento de réplicas de objetos
metálicos, em pequenas dimensões, que circulavam como dinheiro. É o caso das
moedas faca e chave que eram encontradas no Oriente e do talento, moeda de cobre
ou bronze, com o formato de pele de animal, que
circulou na Grécia e em Chipre.
Moedas antigas
Surgem, então, no século VII a.C., as primeiras moedas com
características das atuais: são pequenas peças de metal com peso e valor
definidos e com a impressão do cunho oficial, isto é, a marca
de quem as emitiu e garante o seu valor. São cunhadas na Grécia moedas de prata
e, na Lídia,3 são utilizados pequenos lingotes ovais de
uma liga de ouro e prata chamada electro.
As moedas refletem a mentalidade de um povo
e de sua época. Nelas podem ser observados aspectos políticos, econômicos,
tecnológicos e culturais. É pelas impressões encontradas nas moedas que
conhecemos, hoje, a efígie de personalidades que
viveram há muitos séculos. Provavelmente, a primeira figura histórica a ter sua
efígie registrada numa moeda foi Alexandre, o Grande, da Macedônia, por volta
do ano 330 a.C. No princípio, as peças eram fabricadas por processos manuais
muito rudimentares e tinham seus bordos irregulares, não sendo, como hoje,
peças absolutamente iguais umas às outras.
Ouro, prata e cobre
Os primeiros metais utilizados na cunhagem de moedas foram o ouro e a prata.
O emprego destes metais se impôs, não só pela sua raridade, beleza, imunidade à
corrosão e valor econômico, mas também por antigos costumes religiosos. Nos
primórdios da civilização, os sacerdotes da Babilônia, estudiosos de astronomia, ensinavam ao
povo a existência de estreita ligação entre o ouro e o Sol, a prata e a Lua.
Isto levou à crença no poder mágico destes metais e no dos objetos com eles
confecionados. A cunhagem de moedas em ouro e
prata se manteve durante muitos séculos, sendo as peças garantidas por seu
valor intrínseco, isto é, pelo valor comercial do metal utilizado na sua
confeção. Assim, uma moeda na qual haviam sido utilizados vinte gramas de ouro,
era trocada por mercadorias neste mesmo valor. Durante muitos séculos os países
cunharam em ouro suas moedas de maior valor, reservando a prata e o cobre para
os valores menores. Estes sistemas se mantiveram até ao final do século
passado, quando o cuproníquel e, posteriormente, outras ligas metálicas
passaram a ser muito empregados, passando a moeda a circular pelo seu valor
extrínseco, isto é, pelo valor gravado em sua face, não dependendo do metal nela
contido. Com o advento do papel-moeda a cunhagem de moedas metálicas ficou
restrita a valores inferiores, necessários para troco. Dentro desta nova
função, a durabilidade passou a ser a qualidade mais necessária à moeda.
Surgem, em grande diversidade, as ligas modernas, produzidas para suportar a
alta rotatividade do numerário de troco.
Papel Moeda
Na Idade Média, surgiu o
costume de se guardarem os valores num ourives, pessoa que negociava objetos de ouro
e prata. Este, como garantia, entregava um recibo.
Com o tempo, esses recibos passaram a ser utilizados para efetuar pagamentos,
circulando de mão em mão e dando origem ao papel-moeda.
No Brasil, os primeiros bilhetes de banco,
precursores das cédulas atuais, foram lançados
pelo Banco do Brasil, em
1810. Tinham seu valor preenchido à mão, tal como, hoje, fazemos com os
cheques.
Com o tempo, da mesma forma ocorrida com as moedas, os governos passaram
a conduzir a emissão de cédulas, controlando as falsificações e garantindo o poder de pagamento.
Atualmente quase todos os países possuem seus bancos centrais, encarregados das
emissões de cédulas e moedas. A moeda de papel evoluiu quanto à técnica
utilizada na sua impressão. Hoje a confeção de cédulas utiliza papel
especialmente preparado e diversos processos de impressão que se complementam,
dando ao produto final grande margem de segurança e condições de durabilidade.
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