YBERÊ Gomes CAMARGO
Aquariano
Santista (SP) – Brasil
- Já diz o provérbio:
“GOSTO TAMBÉM É CULTURA”!
Nascido em família com
muito bom gosto cultural e esclarecimentos, esse nome foi boa influencia na sua
vida?
- na verdade quando era menor, não gostava muito
do meu nome, não sei se era imaturidade ou por sempre que algo é diferente
nessa idade é motivo para zuação! Hoje posso dizer que é um nome que me destaca
e que tem uma força incrível. Não sei se é o nome ou o signo que me influenciaram
em sempre ter essa veia artística. Como sempre fui criado no meio de boa
música, bons músicos, artistas de todas as vertentes, sempre tive acesso aos
mais diversos tipos de culturas e isso construiu uma bagagem extremamente
positiva ao longo desse meu percurso de vida.
- Com esse nome
escolhido por seus pais, mesmo já existindo um IBERÊ CAMARGO no Brasil, isso
deu asas à sua imaginação?
- Não diretamente,
acho que sempre pensam que sou alguém da família ou um homônimo, Iberê Camargo
foi um grande artista Gaúcho e um grande pintor, acho que é indiretamente uma
energia que me acompanha, busco sempre estudar os artistas e aproveitar deles
tudo que possam oferecer, mas quando vou fazer minha arte, seja a música ou a
fotografia tento passar a minha forma de enxergar as coisas, uso as influencias
e misturo com a minha forma de fazer, essa é minha forma de trabalhar.
- Acompanhando de
perto toda uma trajetória de vida, a curiosidade é muito grande! Tendo: lápis,
papel, tinta, tela, gaita, violão, prancha de surfe. O que fez do YBERÊ CAMARGO
abrir mão disso tudo pra ser um captador de luz e sombra: FOTOGRAFIA! Conta aí!
- A fotografia sempre foi um fascínio para mim, desde pequeno
tinha curiosidade em tudo que era relacionado com imagem, na minha adolescência
apareceram junto com a paixão pelo surf os filmes que mostravam os grandes
surfistas da época, e eu com o controle remoto fazia fotos com o pause e ficava
imaginando um dia eu sendo aqueles fotógrafos e cinegrafistas, quando decidi
fazer faculdade fui para a faculdade de cinema com esse intuito, me tornar um
diretor de filmes, mas no meio do caminho me apaixonei pela arte de escrever
com a luz, e um grande amigo meu e hoje meu parceiro de trabalho já trabalhava
com a fotografia desde os tempos que morou na Califórnia e trabalhava com
croma, Tom Almeida é uma das pessoas que mais me ajudaram a me tornar um
fotografo e trabalhamos juntos em seu estúdio hoje em dia. Se quiserem conferir
nossos trabalhos www.stafbrasil.com.br
- Na formação
universitária, essa expressão de arte é a mais indicada?
- Sim o cinema e a
fotografia são ligados diretamente, todos os filmes possuem um diretor de
fotografia que é responsável pela luz da cena, o olhar que a câmera capta.
- Foi curso de Cinema,
qual maior aprendizado pode se esperar nessa área?
- Primeiramente a
pessoa tem que saber em qual área ela quer atuar, você pode ser um diretor, que
tem que conhecer um pouco de tudo, editor que monta o material, produtor que
ajeita as coisas para que o filme aconteça e outras inúmeras funções que se
pode exercer, acho que o maior aprendizado que levei da minha formação é ter
humildade e perseverança, ainda mais aqui no Brasil, que as coisas são duas
vezes mais difíceis para acontecer.
- Quanto isso abriu
sua visão com a arte?
- No cinema e na fotografia, temos muitos gênios e os gênios tem
uma forma particular de enxergar o mundo e com isso a gente acaba absorvendo um
pouco dessa visão, acho que que tanto no cinema como na fotografia e na música
temos que absorver essas influencias e buscar transformar em uma forma legitima
de expressar a nossa arte, é um longo caminho a ser percorrido mas na minha
visão é a forma correta de se fazer a arte.
Quanto a sons, já que
seus ouvidos sempre foram muito bem treinados:
- Na música sempre gostei
muito de sons antigos, como jazz e blues, mas a música é um estado de espirito,
hoje em dia tento mesclar sons contemporâneos com os clássicos, e buscar uma
musicalidade moderna sem deixar as minhas raízes escondidas.
- Salvador (BA).Muito
da musicalidade brasileira é influência dessa região, você acredita que ainda
exista espaço no Brasil pras novos ideais e criatividade na música? Será que
vão surgir novas propostas?
-Em salvador tivemos
um bom tempo de estagnação musical e ficamos a mercê de pagodes e gêneros que
não aprecio, mas de um tempo para cá estão aparecendo bandas que vem trazendo
misturas interessantes, com o exemplo de uma banda chamada baianasystem que
mistura música contemporânea com rítimos nativos aqui do nordeste, é um caso de
busca e inovação musical. Acho que as pessoas estão buscando novos encaixes
musicais.
- Aí em Salvador, já
estão tentando uma nova linguagem?
- Sim, temos bandas
que já mostram estilos ousados e diferenciados do que vemos Brasil a fora.
- Você acredita no poder
da mídia ou isso se chama JABACULÊ? Rsrsrsrsrsrsrsrs!
- Acredito que a mídia
só veicula o que tem interesse em veicular e que dificilmente não é manipulado,
todos querem tirar proveito e não conheço veiculo mais forte que as mídias.
- Já que a força dos
precursores da tropicália apareceu no sudeste e nordeste dá pra acreditar na
volta da musicalidade? Sons mais elaborados, letras com mais conteúdo?
- Acreditar, acredito
e vejo, só falta elas saírem das margens e aparecerem para grande massa, é isso
que falta, a grande indústria fonografia perdeu força e a internet abriu um
grande leque de opções, falta um pouco mais de divulgação para esse tipo de
conteúdo.
- Todos os músicos que
nasceram no nordeste, são muito orgulhosos de sua origem, você tem ideia de que
há hoje no mundo musical no nordeste, um novo movimento já que saiu
completamente da proposta dos NOVOS BAIANOS, CAETANO, GIL, GAL...?
-
Não sei se um
movimento tão forte como foi a tropicália e o manguebeat, mas vemos algumas
bandas fugindo desse estereótipo de pagode, forró, arrocha e sertanejo de todos
os tipos. Espero que apareçam bandas para quebrar esse ciclo.
- E de
repente você cultua o BLUES? Rsrsrsrsrs! Muito a favor hein!
- O blues sempre
esteve presente em minha vida, cresci ouvindo blues, aprendi um instrumento
oriundo do blues que é a gaita, e acho que o blues tem muito haver com o
Brasil, por ser um canto de sofrimento vindo dos escravos dos campos de algodão
do sul dos Estados Unidos, gosto da musicalidade de blues, e da mensagem, não
sei o que foi mas me encheu os olhos e até hoje toco blues.
- Na cidade de
Salvador fica fácil compartilhar esse segmento de som?
- Na cidade de
Salvador, temos grandes músicos que tocam blues, tem uma cena ativa de blues na
cidade, mesmo sendo sempre os mesmos músicos e lugares, sempre se acha um lugar
para ouvir um bom blues.
- O surf sempre foi
sua praia (kkkkkk), essa foi à razão de ir buscar mais cultura na Austrália?
- Nascido e criado em
Santos até meus 19 anos, aonde a cultura surf é muito forte, desde menino que
surfo e tenho no surf meu estilo de vida, saudável, tanto na alimentação, como
no dormir cedo e estar sempre me exercitando, na verdade minha ida para
Austrália foi em busca de aprender uma língua nova e buscar uma nova
experiência de vida, logico que podendo unir o útil ao agradável ficou melhor
ainda, É um pais fascinante.
- Como foi seu tempo
num país tão paradisíaco?
- Meu tempo lá foi de
muita aprendizagem e conhecimento, visitei lugares maravilhosos e diferentes, a
Austrália é muito peculiar, muitos animais exóticos lugares inexplorados, é um
pais que tem diferentes tipos de climas e lugares, você tem deserto, mar,
montanhas, rios, cachoeiras, muitos animais peçonhentos e diferentes, você tem
pessoas de todo o mundo e tem a raiz da Austrália que são os aborígenes. É um
lugar muito interessante de se viver, a qualidade de vida é muito boa.
- Conseguiu fazer
troca de energias que comentam ser tão semelhantes às nossas?
- Acho que igual ao
Brasil é difícil ter algum lugar, somos um pais extremamente diferente, somos
múltiplos é algo diferente de qualquer lugar do mundo, somos muito adaptáveis
isso não é em qualquer lugar que se vê.
- Deu tempo de visitar
esse céu da Terra?
- Deu sim, passei 1
mês viajando pela paradisíaca Indonésia e lá tive experiências maravilhosas,
além de ser um lugar diferente e para quem surfa um lugar abençoado é uma
vivência iluminada pois o pais tem religiões diferentes, a parte de Bali é toda
hindu e politeísta, já outras partes são mulçumanas, são comportamentos
totalmente diferentes em um mesmo país, a cultura, os templos a comida e o
calor humano das pessoas nativas são uma benção para quem vai visitar aquele
lugar abençoado, mas ao mesmo tempo é um lugar aonde ocorrem os mais diversos
acidentes naturais que se possa imaginar, chega a ser contrastante esses dois
lados, o das belezas naturais e o dos desastres. Mas é um lugar extraordinário.
- Viu o tsunami?
- Quando estava na
Indonésia ocorreu um Tsunami na região de Sumatra, acompanhei pela televisão de
lá, graças a Deus eu estava na região de Java e não teve nenhum resquício nesse
lado.
- Vamos falar um pouco
da fotografia na sua vida?
- Fotografia é o
motriz de minha vida hoje, é uma paixão, minha profissão e cada dia me apaixono
mais, quanto mais aprendo a fotografia, fico fascinado o quão complexa essa
arte é.
- O que o fez olhar o
mundo através de uma câmera fotográfica?
- A capacidade de
transformar um momento em arte, algo cotidiano ser visto com outros olhos, um
produto normal você transformar em arte, uma pessoa em um objeto a ser
comparado e se espelhar, é algo fascinante. O domínio da fotografia e suas
vertentes é demorado, alguns pensam que é apenas apertar o botão, mas antes
disso acontecer tem um planejamento, um estudo de tudo que pode dar certo e
tudo que pode dar errado, os grandes fotógrafos estudam o objeto, a cena, o
motivo por qual eles estão fotografando
para depois disparar o botão. Esse é um dos recados que sempre falo para quem
quer fotografar, pense antes de clicar, observe tudo que esta em quadro e certifique-se
que é isso mesmo que você quer captar e não aperte o botão aleatoriamente e
depois veja se deu certo, certifique-se que deu certo e depois aperte o botão.
- Qual a diferença de
sentimentos entre estúdio e a tal fotografia FINE ARTE?
- A fotografia fine
art é um tipo de abordagem, e pode ser realizada em estúdio também, é uma foto
mais artística, e não tem limites, normalmente os finearts são fotos em preto e
branco. No estúdio a diferença é que você quem cria a luz e na foto externa
você tem que saber ler e dominar a luz.
Ficamos muito
honrados em tê-lo de volta pro Brasil, sendo um artista com grande
potencial.
- Algum sonho pro
futuro?
- Com certeza, me
tornar um bom fotografo e ter uma foto publicada na capa da Vogue!
- Mesmo tendo
oportunidades tão livres e boas, o que o Yberê vai passar de mensagem pras
gerações quanto à modernidade?
- Tudo evolui mas tem
uma raiz, respeite as raízes e saiba de onde veio e o que tem hoje, assim
saberá para onde vai no futuro.
Beijos de novo
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