segunda-feira, 6 de maio de 2013

Insonia





Se você já virou algumas noites acordado, deve ter tido esta sensação: seu corpo fica mais lento, sua concentração piora, seus pensamentos ficam agitados e pouco claros. É como se, estranhamente, o cérebro privado de sono se torne mais ativo.

Segundo um estudo feito pelo neurofisiologista  Marcello Massimini, da Universidade de Milão, na Itália, e publicado recentemente na revista Cerebral Cortex, isso pode ser verdade: conforme o tempo passa e você não dorme, seu cérebro vai ficando mais sensível a estímulos e num estado de alerta.

Para chegar a essa conclusão, Massimini estimulou as células cerebrais no córtex frontal de voluntários com um choque de energia elétrica dado por meio da técnica da estimulação transcraniana magnética não invasiva. Em seguida, ele observava a reação do cérebro como um todo, comparando os resultados dos indivíduos que tinham ficado acordados por duas, oito, 12 ou 32 horas.

O experimento, segundo ele, era como cutucar um amigo nas costelas para ver quão alto ele pula. A ideia é que, se você fizer isso com alguém que está há um tempo sem dormir, ele vai saltar mais alto. E os resultados sugerem que é mais ou menos isso que acontece com o cérebro: ele fica mais “nervoso” em resposta à descarga elétrica, com picos mais fortes e imediatos da atividade.
Isso tem a ver com o fato, observado por alguns médicos e apontados por Massimini, de que epilépticos são mais propensos a ter convulsões se passarem mais tempo acordados, e, por outro lado, pacientes com depressão severa e que têm atividade cerebral mais baixa que o normal possa, às vezes, melhorar seu desempenho se ficarem sem dormir.

Mas por que isso acontece? A explicação provavelmente está relacionada ao seguinte: enquanto estamos acordados, nossos neurônios estão constantemente em forte atividade, formando novas sinapses, ou conexões, com outros neurônios.

Quanto mais tempo você passa acordado, mais ligações são formadas. Mas muitas delas são irrelevantes – daí a importância de dormir, para dar uma podada nos excessos, fixar as mais importantes e impedir a ocorrência de alguma espécie de sobrecarga. É por isso que é difícil aprender coisas ou memorizar novas informações em um cérebro sonolento, por exemplo.

Via Scientific American


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