Helena
Blavatsky e a Sabedoria Divina
Em pleno
século 19, uma mulher desafiou as diferentes religiões em seus aspectos
dogmáticos e corporativos, mostrando que todas elas são imperfeitas e nenhuma
possui contato exclusivo com o mundo divino. Mas a escritora
russa-ucraniana Helena Petrovna Blavatsky (1831-1891) também mostrou que
cada grande religião tem, em sua essência, contato interior com a
sabedoria eterna e universal que é patrimônio comum de toda a humanidade.
Retomando
o termo criado por Amônio Sacas de Alexandria nos séculos dois e três da era
cristã, Helena usou a palavra “teosofia” para referir-se a essa sabedoria
primordial, e fundou, em Nova Iorque em 1875, o movimento esotérico
moderno.
Ela
também desafiou os dogmas científicos da época, e retomou a tradição clássica
segundo a qual a religião, a ciência e a filosofia devem ser reconhecidas como
inseparáveis em um universo em que cada coisa tem vida e movimento em seu
interior e está ligada a todas as outras partes do cosmo.
Trabalhando em contato com raja-iogues dos Himalaias - sábios que operam em um plano intuitivo da consciência - Blavatsky trabalhou pela compreensão não-dogmática de que todos os seres humanos são irmãos, sem distinção de raça, credo, sexo, ideologia ou condição social.
Em troca,
foi desprezada, chamada de doida, charlatã e mentirosa. Também foi incompreendida
e atacada dentro do próprio movimento teosófico que ela fundou.
Em 1885,
no auge de uma campanha clerical contra suas idéias universalistas que
desbancavam crenças dogmáticas, Helena Blavatsky foi alvo de uma investigação
por parte da Society for Psychical Research (Sociedade de Pesquisas
Psíquicas, SPP), de Londres, e qualificada como um caso “fascinante” de
fraude.
Quase cem
anos depois do “processo”, levando em conta certos estudos e evidências, a SPP
contratou um expert em fraudes e falsificações, Vernon Harrison, para
re-examinar a “condenação” de H.P. Blavatsky.
A
investigação técnica reverteu diametralmente a posição da SPP, e Harrison
escreveu um livro com suas conclusões. Ele testemunhou que, realmente, houve
fraude; não da parte de Blavatsky, mas dos seus acusadores. As
provas contra Blavatsky é que foram forjadas. Em 1986, a Society for
Psychical Research (SPR) de Londres fez uma autocrítica pública, integral e
sem meias palavras. Embora tardia, a reparação serviu para restabelecer a
verdade. Os mais desinformados, no entanto, ainda hoje tratam
Blavatsky com base nas calúnias e preconceitos do século 19.
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