terça-feira, 17 de julho de 2012

Preciso olhar como criança!




Sim, eu queria não enxergar os remendos, a feiura, a sujeira do mundo. Queria ter em mente a imaginação infantil e a fantasia de que tudo é cor de rosa, belo e perfeito.

Conforme crescemos, vamos perdendo o véu do olhar e nos são desvendado os cantos escuros e os porões atravancados. Conforme crescemos, esquecemos-nos de olhar as coisas – e as pessoas – com amor e compreensão para ver nelas os defeitos, os deslizes e as imperfeições.
Não quero mais ter este olhar de gente grande. Quero aquele olhar em que o céu é azul todos os dias. Quero ver fadas e cavaleiros ao invés de pessoas comuns, quero o brilho do olhar e a singeleza da alma.
Quero enxergar meus móveis como enxergava os móveis de barro vermelho que construía para brincar com as bonecas. Quero ver meus apetrechos de cozinha como os que usava para preparar comidinhas de água, açúcar e miolo de pão: panelinhas, pratinhos, xícaras e bules em miniatura.
Não quero mais ter este olhar de gente grande porque ele me mostra o mundo como um jardim devastado e eu quero o jardim coberto de flores, visitado por borboletas e passarinhos que trazem mensagens dos duendes e colorem a vida e o coração.
Quero brincar de princesa, castelo e dragões cuspindo fogo pela boca que depois são mortos pelo herói mais bonito do reino. Não quero ver a mulher pedindo esmola, a favela ocupada, o bandido sanguinário e não quero enxergar o moço fazendo malabarismo nos semáforos.
Vamos brincar de roda, dando-nos as mãos em solidariedade. Vamos estender uma rede de um lado a outro da rua e chamar os vizinhos para uma partida de vôlei. Vamos brincar de esconder com nossas crianças, entrando na fantasia de que podemos nos tornar invisíveis se assim o quisermos.
Não quero mais ter este olhar e nem estes ouvidos de gente grande. Quero ouvir a música do afiador de facas e o som do apito do vendedor de picolés e correr atrás deles de casa em casa até desaparecerem na esquina. Não quero o barulho de tiros ou o choro das crianças amedrontadas.
Eu quero muito ver o mundo com o olhar de uma criança. Um mundo repleto de caminhos que nos levem a viver aventuras divertidas e depois nos tragam de volta para casa, felizes e seguros. Um mundo em que possa sonhar com super heróis que combatem piratas e bruxas e que sempre vencem.
Não quero mais ter este olhar de adulto. Quero olhar tudo com o olhar da criança que fui e acreditar que o futuro promete felicidade e sonhos realizados.
E que me traga de volta a certeza de que o bem sempre vence o mal, para que possamos viver felizes para todo o sempre.



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