Ou shaman, é um termo de
origem tungúsica que nessa língua siberiana quer dizer, na tradução literal, "Aquele
que enxerga no escuro". Os tungues meridionais identificam no xamã os portadores de função religiosa, que podem
"voar" para outros mundos, entrar em um estado estático e ter acesso
e contato com seus aliados (animais, vegetais, minerais), ser de outras
dimensões e os espíritos ancestrais.
Xamã é o sacerdote ou sacerdotisa do xamanismo que entra em transe durante rituais xamânicos, manifestando poderes sobrenaturais e
invocando espíritos da natureza, chamando-os a si e incorporando-os em si. Este
contato em êxtase permite a recepção de orientações e
ajudas dos espíritos para resolver ou superar situações que desafiem as pessoas
e seus grupos sociais.
A conceituação antropológica de xamã ainda não é consensual. Diz-se ser uma espécie de sacerdote, médico, curandeiro, conselheiro e adivinho. É um líder espiritual com funções e poderes de natureza ritualística, mágica e religiosa que tem a capacidade de, por meio de
êxtase, manter contato com o universo sobrenatural e com as forças da natureza.
Segundo Eliade, desde o início do
século XX os etnólogos se habituaram a utilizar os termos xamã, medicine-man
feiticeiro e mago para designar certos indivíduos dotados de prestígio
mágico-religioso encontrados em todas as sociedades primitivas e que por extensão aplicou-se a mesma
terminologia ao estudo da história religiosa dos povos civilizados Ainda segundo esse autor, essa extensão do termo só pode prejudicar a
compreensão do fenômeno xamânico que envolve aspectos particulares situados
entre a medicina e religião especialmente, nessa última as técnicas do êxtase.
Cabe aqui a observação de Laplantine
quanto à "pertinência" científica da divisão espontânea da etnologia
realista. Tal pesquisa segundo esse autor não é a adição de duas disciplinas
que se apropriam dos campos temáticos, ou seja, dos territórios (no caso
antropologia médica e da religião) pré-construídos empírica e ideologicamente
isolados, mas o esclarecimento sucessivo de um duplo procedimento diferenciado
com relação a um mesmo fenômeno. É surpreendente constatar, segundo ele que o
que um pesquisador considera um ritual religioso será estudado por outro como
uma prática médica.
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