A língua portuguesa possui inúmeras expressões interessantes. Muitas
vezes, elas permanecem imutáveis ao longo de anos, representando um forte papel
cultural para o idioma. Existem pessoas que se ocupam em pesquisar e descobrir
a origem das expressões, que podem ser fundamentadas na cultura do próprio
país, ou ainda ter influência estrangeira, mitológica, religiosa, histórica,
etc.
Sabe-se que as expressões são adquiridas no contato direto com a língua, na
socialização dos indivíduos. De acordo com estudos, a partir dos cinco ou seis
anos, as crianças começam a usar algumas expressões e, daí em diante continuará
a enriquecer o seu dicionário mental para sempre.
Veja agora mesmo a origem das expressões a seguir:
Veja agora mesmo a origem das expressões a seguir:

Santinha do pau oco: Expressão que se refere à pessoa que
se faz de boazinha, mas não é. Nos séculos 18 e 19, os contrabandistas de ouro
em pó, moedas e pedras preciosas utilizavam estátuas de santos ocas por dentro.
O santo era "recheado" com preciosidades roubadas e enviado para
Portugal.
Névoa baixa, sol que racha: Ditado muito falado no meio rural. A
Climatologia o confirma. O fenômeno da névoa ocorre geralmente no final do
inverno e começo do verão. Conhecida também como cerração, a névoa fica a baixa
altitude pela manhã provocando um aumento rápido da temperatura para o período
da tarde.
Sem eira nem beira: Significa pessoas sem bens, sem
posses. Eira é um terreno de terra batida ou cimento onde grãos ficam ao ar
livre para secar. Beira é a beirada da eira. Quando uma eira não tem beira, o
vento leva os grãos e o proprietário fica sem nada. Na região nordeste este
ditado tem o mesmo significado mas outra explicação. Dizem que antigamente as
casas das pessoas ricas tinham um telhado triplo: a eira, a beira e a tribeira como
era chamada a parte mais alta do telhado. As pessoas mais pobres não tinham
condições de fazer este telhado, então construíam somente a tribeira ficando
assim "sem eira nem beira".
Lua de mel: A expressão vem do inglês honeymoon.
Na Irlanda, na Idade Média, os jovens recém-casados tinham o costume de tomar
uma bebida fermentada chamada mead – ou hidromel, composta de
água, mel, malte, levedo, entre outros ingredientes. O mel era considerado uma
fonte de vida, com propriedades afrodisíacas. A bebida deveria ser consumida
durante um mês (ou uma lua).Por essa razão, esse período passou a ser chamado de “lua de mel”.
Casa da mãe Joana: A expressão "casa da mãe
Joana" alude a um lugar em que vale tudo, onde todo mundo pode entrar,
mandar, uma espécie de grau zero de organização. A mulher que deu nome a tal
casa viveu no século 14. Joana era condessa de Provença e rainha de Nápoles
(Itália). Teve a vida cheia de confusões. Em 1347, aos 21 anos, regulamentou os
bordéis da cidade de Avignon, onde vivia refugiada. Uma das normas dizia:
"o lugar terá uma porta por onde todos possam entrar". "Casa da
mãe Joana" virou sinônimo de prostíbulo, de lugar onde impera a bagunça.
Chegar de mãos abanando: A origem mais aceita para a expressão
está relacionada com os imigrantes que chegavam ao Brasil no século 19.Eles costumavam trazer da Europa ferramentas para o cultivo da terra, como foices e enxadas, além de animais, como vacas e porcos.
Uma ferramenta poderia indicar
uma profissão, uma habilidade, demonstrava disposição para o trabalho. O
contrário, chegar de mãos abanando, indicava preguiça. Atualmente, quando uma
pessoa vai a uma festa, mandam os bons modos que leve um presente. Se não o
faz, diz-se que “chegou com as mãos abanando”.
Pensando na morte da bezerra: A história mais aceitável para
explicar a origem da expressão é proveniente das tradições hebraicas, onde os
bezerros eram sacrificados para Deus como forma de redenção de pecados. Conta-se que certa vez um rei resolveu sacrificar uma bezerra e que seu filho menor, que tinha grande carinho pelo animal, opôs-se. Independentemente disso, a bezerra foi oferecida aos céus e afirma-se que o garoto passou o resto de sua vida pensando na morte da bezerra. Assim, estar “pensando na morte da bezerra” significa estar distante, pensativo, alheio a tudo.
Farinha do mesmo saco: "Homines sunt ejusdem farinae" (São homens da mesma farinha, em latim) é a origem dessa expressão, utilizada para generalizar um comportamento reprovável. A metáfora faz referência ao fato de a farinha de boa qualidade ser posta em sacos separados, para não ser confundida com a de qualidade inferior. Assim, utilizar a expressão "farinha do mesmo saco" é insinuar que os bons andam com os bons, enquanto os maus preferem os maus.

Dor de cotovelo: A expressão teve origem nas cenas de pessoas sentadas em bares, com os cotovelos apoiados no balcão, bebendo e chorando a dor de um amor perdido. De tanto permanecerem naquela posição, as pessoas ficavam com dores nos cotovelos. Atualmente, é muito comum utilizar essa expressão para designar o despeito provocado pelo ciúme ou a tristeza causada por uma decepção.

Motorista barbeiro: Antigamente, os barbeiros eram conhecidos não apenas por realizar o corte de cabelo e barba, mas também por desempenhar tarefas como: extração de dentes, remoção de calos e unhas, entre outros. Geralmente, os serviços extra deixavam consequências desagradáveis aos clientes. No século 15, o termo “barbeiro” era atribuído a atividades mal executadas. Com o tempo, passou a ser relacionado aos motoristas. Daí a expressão “motorista barbeiro”, ou seja, mau motorista.
. Novo em folha: Para falar que algo nunca foi usado ou que, se já foi, está em ótimo
estado, dizemos que está "novo em folha". A expressão também pode ser
usada para designar alguém que, depois de se machucar ou enfrentar uma doença,
está curado. A origem dessa expressão baseia-se em folhas de papel branquinhas,
limpinhas e sem amassados, encontradas em livros novos, recém impressos. Assim,
trata-se de livros “novos em folha”.
Ovelha negra: Esta expressão não é brasileira nem restrita à língua portuguesa.
Vários outros idiomas também a utilizam para designar alguém que destoa de um
grupo, assim como uma ovelha da cor preta se diferencia em um rebanho de
animais brancos. Na Antiguidade, os animais pretos eram considerados maléficos
e, por isso, sacrificados em oferenda aos deuses ou para acertar certos
acordos. Daí o hábito de chamar de "ovelha negra" aqueles que se
diferenciam por desagradar e chocar aos demais.
Guardar a sete chaves: No século 13, baús eram usados para guardar joias
e documentos da corte de Portugal. Cada baú tinha quatro fechaduras e era
aberto por quatro chaves distribuídas entre funcionários do reino. Com o tempo,
os baús caíram em desuso. E algo que antes estava bem “guardado a quatro
chaves”, passou a ser “guardado a sete chaves”, devido ao misticismo associado
ao número 7. Esse misticismo originou-se nas religiões primitivas babilônicas e
egípcias, que cultuavam os sete planetas conhecidos na época. Assim, a
expressão “guardar a sete chaves” está relacionada ao ato de guardar algo com
segurança e sob sigilo absoluto.
Tintim por tintim: Corrente tanto no português do Brasil como em
Portugal, a expressão "tintim por tintim" é utilizada para falar de
alguma coisa descrita em seus mínimos detalhes. Segundo o filólogo brasileiro
João Ribeiro, “tintim é a onomatopeia do tilintar de moedas”, ou seja, tintim é
o barulho que uma moeda faz quando cai sobre outra. Em sua origem, a expressão
“tintim por tintim” era usada para se referir a uma conta ou dívida paga até a
última moeda. Assim, quando queremos obter informações precisas sobre algum
fato ou situação, costumamos dizer: "Conte-me tudo, tintim por tintim”.














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