Prosperidade é um tema delicioso, com
cheiro, para mim, de tangerina.
Fazendo um trabalho com EMDR sobre
crenças relativas a dinheiro, a capacidade de cuidar de si, prover para si
mesmo e fazer dinheiro (o EMDR é uma técnica psicológica que nos permite
verificar, dessensibilizar e reprocessar, através das redes associativas
neurais do cérebro, memórias, eventos dolorosos, traumas, padrões ou crenças
que nos atrapalham -
Nestas situações, estamos congelados,
enregelados e somos regidos por uma imobilidade e uma sensação de impotência;
sentimo-nos paralisados, ou como se nos faltasse alguma parte do corpo, e
muitas vezes a sensação física é de frio. Em representações simbólicas (imagens
ou sonhos) podemos nos ver em cadeira de rodas, sem conseguir andar, sem chão,
ou com problemas nas pernas e pés (nossa ligação com a terra e o plano físico).
As palavras "não são
capazes" de me sustentar por mim mesmo, financeiramente ou emocionalmente,
por exemplo, nos levam para estados internos estanques: a paralisia ou a
negação de alguma parte em nós - como se não a tivéssemos. Outras vezes,
aparece constelado o arquétipo do mendigo em nós e nos sentimos pobres
internamente. Daí, deste lugar interno, que é um lugar psíquico, não sai nada.
Podemos sentir uma gama de sentimentos que incluem o ressentimento com o
Universo, achando que temos a receber (e o outro é o responsável pelos nossos
dissabores), e que 'a vida nos deve'.
O nosso repertório de sensações de não
conseguir fazer por si mesmo pode trazer também a sensação de um buraco negro,
onde tudo que é gerado cai e some, ou a sensação de não sair do lugar, por mais
esforço que se faça que venham expressos naquelas imagens de areia movediça,
carros atolados, ou de remar sem sair do lugar; imagens em que não conseguimos
'girar' a roda da vida; não sentimos a sensação de potência.
Ou ainda, de nos sentirmos como a
criança a quem faltou identificação e reforço - validação - da força, da
capacidade, da potência, com o encorajamento que vem do olhar; como planta que
fica encolhida na sombra e não é percebida nunca; o arquétipo do 'patinho
feio'. Podemos ainda chegar à sensação e constatação de terem nos faltado
parâmetros de um fazer saudável, ou seja, saber quando parar, quando o que
fizemos já é suficiente, ou quando tudo o que precisamos fazer é não fazer, ou
simplesmente confiar. Enfim, um fazer que não seja compulsivo, pois este
encobre o medo (da falta).
O mais importante a reconhecer em
todos estes estados internos é que a sensação é de que algo 'tem que' vir em
nossa direção, ou que precisamos tapar algo, um vazio, um buraco, uma falta.
Nas nossas contas com a vida, estamos 'no vermelho'. Investigando a fundo
descobrimos coisas como: "não achei/aprendi que precisava ser responsável
por mim e pelo meu crescimento"; "não fui reconhecido nos meus
esforços positivos e na minha capacidade"; "não sei o que tenho como
habilidades e qualidades que expressem quem eu sou"; "não considero
as qualidades e habilidades que tenho como algo valioso".
Damos por óbvio, ou não reconhecemos e
valorizamos aquilo que não fazemos esforço em nós - o que nasce em nós sem que
tenhamos plantado. Estamos acostumados só a um padrão de esforço e desgaste.
Mas, na natureza, sementes brotam "do nada", quer dizer, elas vêm
trazidas com o vento e o fato de nascerem ali naquele lugar, justamente ali,
sem que tenham sido plantadas, diz algo a respeito daquela terra, dos seres que
por ali passam e vivem dos insetos, pássaros e animais, do clima, enfim de toda
uma série de relações e interações daquele ecossistema, que criaram as
condições para que aquela semente brotasse ali.
Ou seja, na natureza, coisas
acontecem, mesmo sem esforço! Algumas das sementes que brotam por si são
"bênçãos", outras são "mato", e a arte de quem cuida de
jardins reside justamente em saber separar o que devemos deixar crescer e o que
devemos tirar e quanto tirar ou deixar, daquilo que brota. Sem contar que
algumas plantas preciosas passam por 'mato' a vida toda, dependendo do olhar de
quem as vê.
Tudo isso para dizer que o acervo
pessoal de habilidades e qualidades de cada um é um vasto manancial de sementes
e plantas em vários estágios diferentes de desenvolvimento, com mais ou menos
"mato" prejudicando o crescimento e com plantas cultivadas
(qualidades às quais dedicamos atenção e esforço) ou que brotam
espontaneamente, com mais ou menos possibilidades de florescer e dar-nos frutos
abundantes e saborosos.
É um conjunto de relações; é dinâmico.
Não é algo que eu tenho ou não tenho; sou ou não sou! Embora, é lógico, haja em
cada um de nós um habitat específico, um clima que favorece o nascimento de
certas plantas (habilidades/qualidades) em detrimento de outras, e é isso que
nos dá particularidades e singularidades!!
Cabem-nos achar que plantas brotam
mais e melhor em nosso jardim de habilidades e qualidades, apropriar-nos destas
expressões de quem somos incentivá-las e 'fazer girar' a roda a partir disso:
do eu sou assim, eu tenho estas qualidades e habilidades e 'eu sei', 'eu
posso', 'eu quero' fazer a partir de 'quem sou' - e não do padrão de falta e
esforço- para que possamos ser a melhor expressão do que somos em essência, e
para que possamos comer desses frutos, como a árvore da tangerina repleta!
Por que não é uma tristeza ver uma
árvore repleta de frutos que ninguém come, e outra minguada lutando para dar um
frutinho?!
O sucesso é ser quem você é! O sucesso
vem de saber e honrar quem você é!
por Isabela Bisconcini
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