Judas Iscariotes
Podendo ser um evangelho apócrifo , atribuído a autores gnósticos nos meados do século II, composto de 26 páginas de papiro escrito em copta (grupo etno-religioso do Egito) dialetal que revela as relações de Judas com Jesus Cristo sob outra perspectiva: Judas não teria
traído Jesus, e sim, atendido a um pedido deste ao denunciá-lo aos romanos.
Desaparecido por quase 1700
anos, a única cópia conhecida do documento foi publicada em 6 de abril
de 2006 pela revista National Geographic. Contrariamente à versão dos quatro Evangelhos oficiais, este texto clama que Judas era o discípulo mais fiel a Jesus, e aquele que mais compreendia os seus ensinamentos.
O seu conteúdo consiste basicamente em ensinamentos de Jesus para Judas, apresentando informações sobre uma estrutura hierárquica de seres angelicais e outra versão para a criação.
O documento, com bordas em couro, foi
descoberto nos anos 1970 no deserto egípcio, perto de El Minya.
Ele circulou em
seguida entre os comerciantes de antiguidades para se encontrar primeiro na Europa e depois nos Estados Unidos, onde permaneceu em
um cofre de um banco em Long Island (Nova York) durante 16 anos,
antes de ser comprado em 2000 pela antiquaria grega Frieda Nussberger-Tchacos.
Restauração e
tradução
Inquieta com a deterioração do
manuscrito, Frieda confiou-o à fundação suíça Mecenas em fevereiro de 2001, a fim de preservá-lo e traduzi-lo.
Após a restauração do documento, o trabalho de análise e tradução foi confiado a uma equipe de coptólogos
dirigida pelo professor Rodolphe Kasser,
especialista em manuscritos, da Universidade de Genebra.
Kasser disse jamais
ter visto um manuscrito em um estado tão ruim: páginas faltavam, o topo das
páginas, onde ficavam os números, estava rasgado, e havia quase mil fragmentos
de papiro.
Para reconstituir, segundo ele, o “quebra-cabeça mais complexo
jamais criado pela história", o professor Kasser foi auxiliado pela
restauradora de papiros Florence Darbre e pelo especialista em copta dialectal
Gregor Wurst, da Universidade de Augsburg (Alemanha).
O documento, chamado "Códice Tchacos", será devolvido ao Egito e conservado no Museu Copta do Cairo.
Mario Jean Roberty, director da
Fundação Mecenas com sede na Basiléia, garante que com os resultados dos testes realizados no documento
pode-se afirmar, sem dar margem a dúvidas, que o texto foi transcrito entre o século III e o século IV.
Tu sacrificarás o
homem que me revestiu.
Segundo o Evangelho de Judas o beijo não foi uma traição.
O trecho-chave do documento é atribuído
a Jesus, dizendo a Judas: "Tu vais ultrapassar todos. Tu sacrificarás o
homem que me revestiu".
Segundo o pensamento gnóstico, esta frase significaria que com a delação Judas estaria contribuindo
para que Jesus Cristo pudesse libertar o seu espírito,
livrando-se de seu invólucro carnal, o corpo.
"Essa descoberta espetacular de
um texto antigo, não bíblico, considerada por alguns especialistas como um dos
mais importantes jamais descobertos nos últimos 60 anos, estende nosso
conhecimento da história e das diferentes opiniões teológicas do início da era
cristã", esclarece Terry Garcia, um dos responsáveis da revista estadunidense National Geographic.
Presume-se que o original, provavelmente escrito
em grego, seja datado do início do século II.
A existência do Evangelho de Judas
havia sido atestada pelo primeiro bispo de Lyon, São Irineu, que o denunciou em
um texto contra as heresias na metade do século II.
O bispo teria
explicado neste documento que, segundo a sua opinião, nos tempos dos apóstolos aconteceram diversas
tentativas de se espalhar o erro e perturbar a união dos cristãos, e que alguns
faziam-se passar por convertidos, exclusivamente para disseminar doutrinas
contrárias a da Fé Apostólica.
Irineu também comentou a existência de
uma seita gnóstica chamada de Cainitas, cuja
crença era baseada no princípio que o mundo material é imperfeito, tendo sido
criado não por um Deus Supremo e sim por uma inteligência criadora inferior a este.
Além de Irineu, Epifânio, bispo de Salamina, também argumentou sobre a existência desse manuscrito no ano de 375
dc.
Elaine Pagels, professora de Religião na Universidade de Princeton e uma das grandes especialistas mundiais sobre os Evangelhos gnósticos,
considera que "a descoberta surpreendente do Evangelho de Judas, bem
como daqueles de Maria Madalena e de diversos outros
documentos dissimulados durante quase 2000 anos, modifica nossa compreensão dos
primórdios do cristianismo.
Essas descobertas erradicam o mito de uma
religião monolítica e mostra o quanto o movimento cristão era realmente
diversificado e fascinante no seu início".
Jesus fez apenas o papel de bandido, como acontece nas telas de cinemas, tanto Judas como o mocinho das telas,personificam como traidores, mas não os são na realidade. Judas foi escolhido por Jesus para as cenas, porque era o mais sábio dentre eles. Na frase: "Tu vais ultrapassar a todos", com certeza,jesus era clarividente.
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